terça-feira, 5 de março de 2013

Teorias filosóficas, formulações matemáticas e análises antagônicas sobre um enunciado.

Autor: Roberto das Neves


Galileu Galilei, através, primeiro do pensamento abstrato, da formulação de uma hipótese de forma puramente filosófica, busca respostas posteriores, através de experimentos. É o caso do vácuo, ele parte do mundo de papel (filosófico), para o mundo da observação experimental, para só depois, criar suas formulações matemáticas.



Newton, da mesma forma, parte da formulação de uma hipótese filosófica, sobre a força gravitacional, criando posteriormente uma equação matemática que descreve o funcionamento desta força, aponta para isso, inclusive, uma causa: A massa.

A mesma coisa ocorre em relação a Einstein. Todos eles partiram da formulação de hipóteses filosóficas, através da elaboração de experimentos mentais, e só depois, desenvolveram experimentos ou fórmulas matemáticas, para “validar” suas hipóteses, apontando inclusive, causas.

Sobre as hipóteses da relatividade de Einstein, Poincaré tem outro ponto de vista, deve-se notar que tanto um quanto o outro, tecem afirmações totalmente antagônicas, sobre as equações de Lorentz. Para Poincaré, a invariância de c e suas "consequências" sobre o tempo, que ele entendeu muito bem, só seriam um aspecto secundário e sem interesse particular, totalmente sem relevância, não concebendo esse dois princípios como postulados. Para ele, uma quarta coordenada de tempo, seria apenas e tão somente, uma unidade imaginária, que deixariam invariante a quantidade da fórmula.

Que eu saiba, Poincaré, era dotado de conhecimento filosófico e matemático mais do que suficiente para contestar e confrontar Einstein, a decisão de se apoiar as hipóteses de Einstein e não as de Poincaré, pela comunidade científica, não está embasada em nenhum argumento lógico, ou racional, ou mesmo científico.


Poincaré influenciou Lorentz mediante à critica positiva e construtiva e a interpretação decisiva, também evocada, do tempo local de Lorentz. Um artigo de Poincaré redigido em 1.905, também foi importante. Ele foi enviado para a revista especializada “Rendiconti del Circolo Matematico di Palermo”, em junho de 1.905, mas só foi publicado em 1.906. O artigo de Einstein, chegou em 30 de junho de 1905 ao “Analen der Physik” e foi publicado em 26 de setembro de 1.905.

Em seu trabalho, Poincaré afirmou, pela primeira vez, que as transformações de Lorentz constituem um grupo, algo importante para a composição dos fenômenos entre vários referenciais: a composição de várias transformações de Lorentz é uma transformação de Lorentz. Poincaré mostrou assim, que dominava o aspecto formal dos fenômenos em questão.

Ele propôs também, introduzir, além das três coordenadas espaciais (cartesianas ortogonais) x,y,z, que representam um ponto no continuo euclidiano tridimensional, uma quarta coordenada de tempo ‘ict’, em que ‘i’ é a “unidade imaginária” ; i=raiz(-1); a totalidade das transformações de Lorentz é representada assim, pelas rotações desse continuum quadrimencional que deixam invariante a quantidade dada por: c2(At)2 –(Ax)2 –(Ay)2-(Az)2.
Essa observação será retomada por Herman Mikowiski, na sua formulação quadrimencional da teoria da relatividade restrita.


Os matemáticos de plantão se esquecem facilmente que, antes de formular uma equação, esta, está irredutivelmente ligada ao pensamento filosófico, pois, não haveria como formular uma equação, se antes, não se houve cristalizado em sua mente, uma questão, uma ideia, uma teoria filosófica, que a equação matemática poderia ou deveria responder.

Nesse sentido, formular uma teoria filosófica que se pretende ser científica, não necessariamente, precisa de uma formulação matemática por parte exclusiva do teorizador.

A matemática é apenas técnica, e pode-se formular uma teoria e depois entregar o trabalho de verificação, para um matemático, um técnico, que irá fazer as devidas experimentações e formulações matemáticas para validar ou não a teoria.

E finalmente, há que se notar o óbvio, um técnico da matemática, nem sempre está disposto a ver o seu mundo de cartas quadradinho, desmoronar, por causa de teorias que confrontam o seu saber aprendido ou doutrinado, o matemático, muitas vezes, torna-se obtuso, pois não quer saber de mudanças drásticas que abalem o universo matemático que lhe foi ensinado em anos e anos de formação escolar doutrinária.

E para encerrar, afirmo: Tentar descobrir o real funcionamento do universo, armado apenas com o ferramental matemático, sem levar em conta o intelecto criativo, analítico e filosófico, associado à lógica e a razão, é a mesma coisa que tentar obter respostas, observando as estrelas, com um tubinho de papelão sem lentes.


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