sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Bem vindo a matemágicalandia.

Autor: Roberto das Neves



A equipe de Walt Disney criou uma animação nos anos 50, (cujo vídeo eu publico no final deste texto), onde o Pato Donald, entra em um mundo mágico e faz um tour guiado pelo espírito da aventura.

Esse mundo é o mundo da matemágica, mas na verdade, não há nada de mágico nele, pois o que é apresentado ao Donald, é o nosso mundo, onde ele aprende que existe uma linguagem usada para traduzir e demonstrar de forma lógica e racional, o universo e o seu funcionamento, e essa linguagem, é a matemática.

Donald descobre que esta linguagem pode explicar tudo o que existe, e que o domínio desta linguagem, pode ser usado como ferramenta para criar quase tudo àquilo que nosso intelecto imaginar, sendo que, esta linguagem, é usada inclusive, pela própria natureza.

A natureza nos fala pela matemática, e pela matemática aprendida, desvendamos os seus segredos.

Não há nada de mágico nisto, pois ao descobrirmos como traduzir esta linguagem e usa-la, percebemos que a mágica é apenas fantasia e tudo pode ser explicado de forma lógica e racional, se algo não puder ser explicado por esse ferramental, significa que esse algo não existe, não pertence ao mundo real, pertence apenas ao mundo da fantasia e da imaginação, sendo assim, irreal.

A matemática é natural e explica tudo aquilo que é natural, tudo aquilo que é real e existe, e pode ser usada para criar coisas que ainda não existem desde que, sejam usados para a sua criação, matéria e energia existentes naturalmente, tudo depende da tecnologia a qual dispomos no momento.

Se algo não pode ser explicado pela linguagem matemática, este algo não existe, não pode vir a existir e não pode ser criado.

Mas, nem tudo são flores...

Tudo ia bem, no mundo da ciência, até o momento em que se contestou a causalidade.

Causalidade

Princípio fundamental da "razão aplicada ao real, segundo o qual "todo fenômeno possui uma causa", “tudo o que acontece ou começa a ser supõe, antes dele, algo do qual resulta segundo uma regra" (Kant). Em outras palavras, princípio segundo o qual se podem explicar todos os fenômenos por objetos que se interagem, que são definidos e reconhecidos por meio de regras operatórias.

Segundo a concepção racionalista, a causalidade é um conceito a priori necessário e universal, isto é, independente da experiência e constituindo-a objetivamente: todas as mudanças acontecem segundo a lei de ligação entre a causa e o efeito.

Hume critica a concepção clássica de relação causal, segundo a qual um fenômeno anterior (causa) produz um fenômeno posterior e consequente (efeito), argumentando que essa relação não se encontra de fato na Natureza, mas apenas reflete nossa forma habitual de perceber as relações entre fenômenos. A causalidade não expressa, assim, uma lei natural, de caráter necessário, mas uma projeção sobre a natureza de nossa forma de perceber o real.


A partir desse momento, a ciência passa a não buscar a causalidade, por considera-la não natural, e passa a analisar apenas os efeitos, afirmando inclusive, que muitas coisas não possuem uma causa necessária para gerar um efeito.

Isso está ligado ao conceito de que, passado, presente e futuro estão conectados de forma simultânea, ou seja, acontecem ao mesmo tempo, e se acontecem ao mesmo tempo, não existe a necessidade de uma causa, uma vez que o efeito poderia existir juntamente com a causa.

Assim, como os efeitos são mais facilmente verificáveis, abandonou-se a busca pelas causas.

Mas seria realmente a causa, algo não natural?

Não seria na verdade, o tempo, este sim, uma projeção sobre a natureza de nossa forma de perceber o real?

Eu fiz uma longa explanação num texto onde defendo a hipótese de que o tempo não existe, uma vez que a natureza não necessita do tempo para funcionar, o tempo só existe enquanto fator psicológico nos seres vivos para se localizar no seu próprio espaço, o link para o texto, é esse aqui:


Ora, então, se é o tempo que não existe, então a causa existe.

A questão é que muitas vezes, não conseguimos apontar a causa correta para a existência de um fenômeno.

Ao apontamos a causa errada, ou não apontarmos uma causa, apesar de podermos analisar seus efeitos, estes não poderão ser conectados com a verdadeira causa, esta não conexão, irá gerar o desencadeamento da criação de uma série de equações matemáticas analíticas, que descambarão para o mundo da fantasia e do irreal.

Um mundo onde todas as coisas que se pode imaginar, podem ser possíveis, por mais descabidas que sejam: viagens no tempo, viagens com naves espaciais com velocidade igual ou maior do que a velocidade da luz, dobras espaciais, tele transporte, universos paralelos, múltiplas dimensões, etc., etc., etc..

Se não existem causas que geram os efeitos, tudo é permitido e tudo é possível na criação de fórmulas matemáticas, mas, essas fórmulas matemáticas, dirão apenas aquilo que queremos que digam, mas não dirão necessariamente a verdade do mundo real, uma vez que houve uma ruptura do pensamento lógico e da razão entre o real e o imaginário, causada pela nossa não capacidade em perceber que: causas geram efeitos e que efeitos não existem sem causas.

E o pior nessa história toda é que, ao deixarmos as causas de lado e nos preocuparmos apenas com os efeitos, esquecemos a necessidade de verificar as causas postuladas até aquele momento, as causas propostas por Newton, por Einstein e por muitos outros.

Assumimos que estas causas anteriormente postuladas estão corretas, são elas que geram determinados efeitos e não mais precisam ser verificadas.

Nem nos passa pela cabeça, que talvez, algumas dessas "consagradas Causas", estejam completamente erradas, que talvez, não sejam essas causas apontadas, as causas geradoras dos efeitos, nós simplesmente não fizemos as devidas e necessárias verificações, apenas as aceitamos, por acreditarmos que estejam corretas, pois a matematização formulada, indicava isso.

Só que, se a formulação tiver sido feita, baseada em uma causa errada, as fórmulas matemáticas não nos dirão isso, estaremos então, sendo iludidos pelos resultados.

Se estivermos sendo iludidos, isso significa que toda a estrutura teórica em que nos baseamos para criar novas teorias até hoje, a partir daqueles resultados, pode estar completamente equivocada, entramos por um caminho errado, matematizando mundos irreais, e tudo aquilo que estamos acertando matematicamente, na verdade, está sendo acertado no chute. 

É nossa a falha, em relação a apontar as causas erradas ou não aponta-las, não é culpa da linguagem matemática, nós prostituímos a linguagem matemática, transformando-a de algo natural, para algo completamente artificial.

Pobre Pato Donald, se ele viaja-se para a terra da Matemágica hoje, iria encontrar em seu lugar, um bordel.



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A consciência, a nanotecnologia e o fator da irredutibilidade.


Autor: Roberto das Neves



Muita gente se pergunta se insetos, vírus, células e até mesmo moléculas e partículas, poderiam ter algum tipo de consciência sobre si mesmo, um sistema gerador de pensamento complexo.

A resposta é não.

O pensamento, a consciência, é um fator gerado pela quantidade e a quantidade não pode ser reduzida, pois, quanto mais se reduz a sua quantidade, menor é o fator gerador da consciência.


A autoconsciência existe em vários graus, um humano tem um grau de autoconsciência maior do que um macaco. E a escala vai caindo, de acordo com a quantidade de neurônios existente em cada ser vivo, que é usada exclusivamente para a formação de pensamento e ideias.

Por exemplo, um macaco quando olha um espelho, reconhece a si mesmo no reflexo, um cachorro, não.

A autoconsciência é então, o ato de reconhecer a si mesmo...

Neste sentido, quanto mais células nervosas um ser possui, que não estejam comprometidas com outras funções motoras ou metabólicas, maior é o fator de consciência, e não é possível miniaturizar uma célula nervosa biológica, fazer seu tamanho diminuir para ocupar um menor espaço no crânio, se fosse possível, a própria natureza, por meio da evolução, teria desenvolvido um meio para isso.



Algumas pessoas podem cogitar sobre a autoconsciência, em relação ao tamanho do cérebro de um elefante ou de uma baleia, que são bem maiores que um cérebro humano, e possuem muito mais neurônios, e dessa forma, teorizarem que estes animais poderiam alcançar futuramente, uma auto consciência.

Mas se esquecem que estes cérebros, gastam uma enorme quantidade de energia e funções para controlar seus movimentos e seu metabolismo, devido aos seus enormes tamanhos, sobrando pouca coisa para um sistema autoconsciente poder emergir, uma vez que, todos os seus neurônios são usados para executar essas funções de sobrevivência comandadas por seus genes..

Tomemos agora como exemplo, um tipo de vespa, que, para se reproduzir insere seus ovos dentro de outro inseto, para que o ovo se desenvolva em larva e se alimente desse hospedeiro ainda vivo.

Se esta vespa tivesse um sistema nervoso altamente evoluído através de células nervosas miniaturizadas, para assim possuir a mesma quantidade de células nervosas que possui um ser humano ou outro animal com algum grau menor de consciência, e dessa forma, ser, ela a vespa, também possuidora de consciência, ela possivelmente começaria a se questionar sobre sua forma de reprodução...

O que a move, não é o pensamento semi ou consciente, mas sim, o pensamento que a sua quantidade de neurônios lhe permite, sendo esse pensamento comandado pelas instruções contidas em seus genes.

Outras pessoas poderiam cogitar sobre a consciência emergindo de uma comunidade social, como por exemplo, um formigueiro.

O cérebro de uma formiga possui aproximadamente 2,5×10 elevado à 5ª potencia de neurônios, enquanto o cérebro humano possui aproximadamente 1,0×10 elevado à décima potencia de neurônios.

Portanto, uma colônia de 40.000  formigas possui o mesmo número de neurônios que um cérebro humano.

A questão é que existem vários tipos de formigas especializadas dentro de um formigueiro, e cada tipo de formiga, possui uma quantidade de neurônios maior ou menor, justamente para exercer adequadamente suas funções especializadas.

Isso significa que, todos os neurônios de uma formiga, são totalmente dirigidos pelas instruções contidas em seus genes, não sobrando neurônios livres para, em grupo com a colônia, serem usados para a formação de uma consciência coletiva.

Isso nos leva à questão da nanotecnologia, seria possível desenvolver nano robôs conscientes?

A resposta é não.


Os neurônios variam muito de comprimento em função do seu axônio. Alguns axônios podem medir alguns milímetros e outros podem chegar a 1 m. O diâmetro do neurônio é de cerca de 0,1 mm.

Se conseguirmos construir um nano robô do tamanho de um neurônio,  e acredite, este seria um nano robô grande, para que este nano robô funcione, será necessário que ele possua dentro dele, uma série de neurônios cibernéticos que farão com que ele possa executar várias funções necessárias, tal qual os neurônios que uma formiga possui, a questão maior, é que, para que o nano robô funcione e possa alcançar uma auto consciência coletiva, além dos neurônios usados para o seu funcionamento, seria necessário se acrescentar outros neurônios que executariam a função de neurônios livres, para daí, este nano robô, ligar-se em rede com outros nano robôs, para formar uma consciência.

Só que o problema final está na irredutibilidade, ora, um nano robô do tamanho de um neurônio, para funcionar pelo menos, como uma mera formiga, para executar sua funções, necessitaria possuir a seguinte quantidade de neurônios: 2,5×10 elevado à 5ª potência, quantidade essa, que deveria ocupar um espaço menor do que um neurônio biológico ocupa, pois, estes neurônios cibernéticos seriam apenas uma parte de todo o nano robô.

A miniaturização necessária para se criar um nano robô cibernético funcional, com células cibernéticas funcionais de tamanha ordem de miniaturização, sabendo-se a enorme quantidade de neurônios cibernéticos necessária para que um nano robô do tamanho de uma única célula neural biológica, funcione adequadamente, não é nem um pouco provável, por mais fé que se tenha na hipotética possibilidade.


Esses nano robôs, para desenvolver uma consciência, dependeriam assim, de um cérebro externo, com o tamanho suficiente para possuir um sistema nervoso cibernético, com a enorme quantidade de células nervosas cibernéticas necessárias, para controlar as ações de todos os nano robôs, através de ondas de rádio, além de uma enorme quantidade extra de neurônios livres, para fazer emergir uma consciência.

Mesmo assim, os nano robôs, não seriam conscientes, mas seriam na verdade, apêndices rádio controlados por uma consciência externa.

O máximo que poderemos fazer, são nano robôs com a inteligência suficiente para efetuar pouquíssimas ações pré-programadas o que em última análise, não seria uma inteligência propriamente dita, eles seriam apenas autômatos com instruções para executar algumas ações de forma mecânica.

E só lembrando, ainda levará muito tempo, para conseguirmos desenvolver um cérebro robótico semiconsciente, muito, muito tempo mesmo, o que dirá então, de um robô totalmente consciente...
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